Serviços ecossistêmicos

Foto por: ozgurcankaya

Escrito por Laíza Cardoso/ Revisado por Lúcia Rodrigues

O que são e como são classificados? 

São os benefícios que os ecossistemas oferecem às pessoas, seja de forma direta (como água e alimentos), seja de forma indireta (como a regulação do clima e a purificação da água). De acordo com a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (2005), eles se dividem em quatro grandes grupos: serviços de provisão, de regulação, culturais e de suporte. Estes benefícios constituem a base das Soluções baseadas na Natureza (SbN), que aproveitam os processos e funções dos ecossistemas para enfrentar desafios como a adaptação às alterações climáticas, a segurança hídrica, a segurança alimentar e a saúde humana. As SbN fortalecem ou restauram os serviços ecossistêmicos que a natureza oferece, em diferentes dimensões:

1. Serviços de provisão: Refletem os recursos diretamente extraídos dos ecossistemas, como alimentos, água, combustíveis, materiais e medicamentos. São essenciais para a sobrevivência humana, constituindo a base da produção agrícola e da alimentação. Exemplos: os sistemas agroflorestais e a agricultura urbana sustentável permitem produzir sem degradar o solo e a água.

   
   

2. Serviços de regulação: Estes serviços regulam processos naturais que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas, como a purificação da água, a regulação do clima, o controle de pragas e doenças, e a mitigação de desastres naturais como inundações e secas. Exemplos: as áreas verdes urbanas reduzem ilhas de calor e melhoram a qualidade do ar, ao passo que os manguezais reduzem o impacto de tempestades nas regiões costeiras.

   
   

3. Serviços culturais: Estão relacionados aos benefícios não materiais que os ecossistemas proporcionam, como o lazer, o turismo, o bem-estar psicológico e o valor estético. Estes serviços estão muitas vezes associados à ligação das pessoas com a natureza e ao valor intrínseco dos ambientes naturais. Exemplo: os parques e as trilhas ecológicas oferecem espaços de convivência, melhoram a saúde mental e promovem a valorização cultural.

   
   

4. Serviços de suporte: São os processos naturais fundamentais para a manutenção dos outros serviços dos ecossistemas, como a formação do solo, a ciclagem de nutrientes e a fotossíntese. Sem estes serviços de apoio, os outros serviços ecossistêmicos não seriam possíveis. Exemplo: a restauração ecológica e o manejo sustentável promovem solos saudáveis e ecossistemas mais resilientes. 

   
   

Quando bem preservados, estes serviços garantem o equilíbrio dos ecossistemas e promovem a resiliência dos sistemas naturais face às alterações climáticas e outras pressões ambientais.

Panorama histórico/Contexto

A ideia de que a natureza fornece serviços à sociedade existe há séculos, mas só nas últimas décadas é que ganhou força científica e política. Em 2005, o relatório internacional Millennium Ecosystem Assessment consolidou o conceito e impulsionou políticas de conservação em todo o mundo. 

No Brasil, a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (Lei n° 14.119/2021) reconhece e promove a conservação desses serviços. Atualmente, iniciativas de mapeamento, de restauração ecológica e de compensações ambientais já incorporam esta abordagem. No entanto, ainda há ainda um longo caminho a percorrer em termos de financiamento, governança e sensibilização da sociedade.

Desafios

Apesar dos avanços, a consolidação dos serviços ecossistêmicos enfrenta barreiras importantes:

1. Valoração econômica: muitos serviços não são facilmente traduzidos em valores econômicos.

   
   

2. Tomada de decisão: frequentemente há conflitos entre os interesses de curto prazo (como expansão agrícola ou urbana) e a manutenção de serviços essenciais de longo prazo, como a disponibilidade de água.

   
   

3. Governança: ainda não está claro como organizar mecanismos de pagamento por serviços ambientais, quem deve ser remunerado e como evitar desigualdades entre provedores e beneficiários.

   
   

4. Financiamento: os recursos destinados a estas iniciativas são insuficientes, e muitas vezes dependem de projetos pontuais, sem garantia de continuidade.

   
   

5. Mudanças globais: o desmatamento, a perda de biodiversidade, a poluição e as alterações climáticas já reduziram a capacidade dos ecossistemas de fornecer serviços vitais.

   
   

6. Sensibilização social: grande parte da população ainda desconhece o conceito, o que dificulta a pressão por políticas públicas e o engajamento comunitário na conservação.

   
   

Considerações finais:

Os serviços ecossistêmicos mostram que conservar a natureza não se resume a preservar espécies, mas também garantir a qualidade de vida, a segurança alimentar e a resiliência climática. É fundamental reconhecer e valorizar esses serviços para garantir um futuro sustentável, sendo que as Soluções baseadas na Natureza são o caminho para equilibrar o desenvolvimento e a conservação dos ecossistemas.

Referências: 

Ministério do Meio Ambiente (MMA). Serviços Ecossistêmicos. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade-e-biomas/biomas-e-ecossistemas/conservacao-1/servicos-ecossistemicos. Acesso em: set. 2025

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Embrapa. Serviços Ambientais. Disponível em: https://www.embrapa.br/tema-servicos-ambientais/sobre-o-tema. Acesso em: set. 2025.

ONU Brasil. Investir em serviços do ecossistema é vital para elevar segurança alimentar e renda, aponta relatório. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/57660-investir-em-servi%C3%A7os-do-ecossistema-%C3%A9-vital-para-elevar-seguran%C3%A7a-alimentar-e-renda-aponta. Acesso em: set. 2025.

Millennium Ecosystem Assessment (MEA). Ecosystems and Human Well-being: Synthesis. Island Press, 2005.

Costanza, R. et al. The value of the world’s ecosystem services and natural capital. Nature, v. 387, p. 253–260, 1997.